Respostas das questões sobre o texto "Bah chega de confusão", Kledir Ramil.
Respostas possíveis:1. Kledir Ramil procura caracterizar cada fala regional pelas diferenças de pronúncia (a pronúncia de 's' e 'r' no Rio de Janeiro; do 'r' no interior de São Paulo; do 'e' antes de consoante nasal na cidade de São Paulo; a entonação nordestina; a eliminação de sílabas finais em Minas) e de vocabulário (em Minas, no Nordeste e em Florianópolis).
2. O autor procura garantir que o leitor reconheça a fala de um carioca a partir da descrição bem humorada da pronúncia dos sons 'r' e 's' pelos cariocas: "além de arranhar a garganta com o erre, você precisa aprender a chiar que nem chaleira velha". Como acontece com as piadas, a graça da caracterização desse dialeto deriva da visão estereotipada do carioca como alguém que "força" a pronúncia desses fonemas ("e aí merrmão!"; vai rolá umash paradasch ischperrtasch".).
3. Uma explicação possível para esse aspecto do sotaque do paulistano poderia ser influência exercida pela pronúncia do português falado pelos imigrantes italianos. A ditongação do 'e' em 'ei' antes de nasal em final de sílaba é frequente nos bairros de forte presenaç da imigração italiana, como a Mooca, o Bixiga e o Brás. A expressão 'ôrra meu!', com o sotaque "carregado", é típica desses bairros.
4. O autor, em primeiro lugar, afirma que, no interior de São Paulo os falantes pronunciam "um erre enrolado", que "dá um nó na língua", referindo-se ao 'r' denominado, comumente, de caipira. Para marcar, graficamente, a diferença entre essa pronúncia e a dos cariocas, o autor usa uma sequência de três erres ("a Ferrrnanda marrrcô a porrrteira"), em lugar de apenas dois utilizados para o erre carioca ("merrmão").Ele faz essa afirmação porque, no inglês norte-americano, a pronúncia desse 'r' mais marcado (retroflexo) é representativa da norma; portanto, os falantes do interior de São Paulo não teriam dificuldades em aprender esse aspecto da pronúncia do inglês norte-americano padrão.
5. Segundo o texto, o falar mineiro seria caracterizado pelo fato de os falantes "engolirem letras" (na verdade, na maioria das vezes, eles eliminam sílabas inteiras, na pronúncia): 'Mins' em lugar de Minas; 'Belzonte' em vez de Belo Horizonte; 'Nossenhora' em lugar de Nossa Senhora; 'Doidemais' em vez de doido demais. Além disso, o autor ainda afirma que é comum o uso do vocábulo 'trem' para designar coisas ou objetos. Ainda é possível notar as expressões 'demais da conta' e 'sô' como características do falar mineiro.
6. O autor chama de "simpáticas" as diferenças de vocabulário que caracterizam a variedade falada em Florianópolis: lagartixa é 'crocodilinho de parede'; helicóptero é 'avião de rosca'(roshca); carne moída é 'envelope de boi ralado'; telefone é 'poste de prosa'; ovo é 'semente de galinha'; e motel é 'lugar de instantinho'.
No caso da fala de Florianópolis, observamos que o autor faz uma avaliação positiva das suas características específicas. Chega a afirmar que eles "têm o linguajar mais simpático da nossa língua brasileira".
7. Talvez o autor não se dê conta, mas sua visão sobre esses falares é sim, preconceituosa. Para percebermos como o preconceito se manifesta no texto, basta recuperarmos a caracterização que faz de alguns deles: a fala dos cariocas é descrita como uma "chaleira velha"; os paulistas teriam um "um erre todo enrolado"; os mineiros "engolem letras". Em todas essas caracterizações, há uma conotação fortemente negativa e estereotipada.
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